Há uns dias, a propósito do lançamento do site, e de forma a proporcionar bom conteúdo no seu lançamento, escrevia um texto sobre um possível regresso de Roger Federer à competição, e de como idealizava algo na minha cabeça, até uma eventual reforma.
Bem, só não foi nada do que disse, como o regresso do tenista suíço à competição vai servir também para o mesmo se retirar.
E antes de mais, este texto será escrito como fã de ténis, de Roger Federer, e mais importante, será escrito com um sabor agridoce por alguém que desde a primeira vez que pegou na raquete, imitou, estudou e olhou para Federer como um exemplo de atleta e pessoa. Por isso, alguma parcialidade neste texto é completamente assumida.
São poucos aqueles que conseguem elevar um desporto como o campeão suíço o fez. Muito menos são aqueles que são tão consensuais entre os pares quando atingem um patamar tão elevado como o de Federer. Para aqueles que tiveram o prazer de acompanhar a magnifica carreira do helvético, conseguem certamente perceber que este modificou o ténis em várias dimensões. Mas há aqueles que começaram a jogar por causa de Federer e os que se inspiravam todos os dias nas suas conquistas, postura e classe, dentro e fora de court. Sou um deles. Já perceberam, não é?
Há 17 anos, quando pegava na raquete de ténis pela primeira vez, havia um jogador para o qual olhava na televisão e dizia: “Um dia quero fazer aquilo, daquela forma”. E como eu, muitos outros o fizeram ao longo dos mais de 20 anos em que Roger Federer pisou os courts em mais de 40 países, no circuito mundial. A beleza técnica em cada gesto faz-nos pensar que tudo é executado sem esforço e é, sem dúvida, o jogador que idealizo como modelo técnico quando me perguntam como se executa uma direita, uma esquerda a uma mão, um serviço, um volley, ou qualquer outra pancada. Não, não tinha e não tem todas elas como as melhores do circuito, mas tecnicamente são pancadas a roçar a perfeição.
Para quem nunca viu Roger jogar ao vivo, posso dizer que havia algo diferente na energia do suíço em campo e isso sentia-se no estádio, no adversário e em todo o ambiente que rodeava os jogos de Federer. Como apanha-bolas, em 2010, no Estoril Open ainda no Jamor, tive a oportunidade de estar em court ao mesmo nível que Roger Federer e com 15 anos de idade vivia um dos melhores momentos da minha vida a dar uma toalha ou uma garrafa de água ao tenista suíço. Todos queriam estar nos jogos de Federer e a organização dos apanha-bolas não foi fácil esse ano e dos vários anos que fiz, posso dizer que nenhum jogador se aproximou da mística que se viveu em 2010 no Jamor.
Desde a sua estreia no circuito em 1998, sempre houve muita expectativa sobre o que Roger Federer podia ser e fazer pelo ténis, mas nunca ninguém pensou que fosse possível atingir os níveis que atingiu. Estatísticas à parte, é para muitos o melhor de sempre a pisar um court de ténis (incluindo para mim, e explico isso aqui) e a modalidade vai ficar certamente mais pobre com a ausência do suíço. Mas não será o fim do ténis, é apenas o início do fim de uma era onde três jogadores em atividade tinham 63 títulos do Grand Slam. Se colocarmos na balança que todo o restante ranking ATP não possui nem metade desses títulos.... Sim, está a começar a desparecer uma geração para lá de excecional.
Hoje, no dia em que Federer anuncia a sua retirada do ténis após a Laver Cup (que já deve ter acontecido quando leem isto) talvez seja a primeira vez que sinto que uma modalidade vai perder muito com a retirada de um jogador. Como disse, não será o fim do ténis, porque, efetivamente não há jogadores maiores do que a modalidade, mas há aqueles que a marcam de uma maneira única e Roger Federer é um de três gigantes que têm sido uma bandeira para o ténis.
Aqui, está também um texto em que explico o “medo” de perder estes três jogadores e o impacto que isso pode ter no ténis, enquanto sei que Djokovic, Nadal e Federer são atletas completamente fora de série e que provavelmente nunca veremos nada igual em simultâneo.
Sei que este texto foi mais um desabafo e um glorificar de Roger Federer, mas ficou o aviso no início do mesmo. Sei também que provavelmente será o texto mais confuso e com maiores “saltos” a nível da linha de raciocínio, mas espero ter passado a mensagem e que me desculpem por isso.
The G.O.A.T (para mim).